Torneios locais: o lado menos bonito do poker

Durante aproximadamente cinco anos joguei poker para ganhar a vida, quase que exclusivamente. Na verdade eu nunca fui um esmagador de proporções épicas, mas consegui manter minha própria vida e as minhas despesas. No entanto, após cerca de três anos de jogo online, cansei de ficar sentado na frente do ecrã do computador e quis tentar algo diferente.

 

A mudança para o jogo ao vivo

Moro numa cidade relativamente pequena de aproximadamente meio milhão de pessoas, assim como pode imaginar, a escolha para um torneio ao vivo é muito limitada. No entanto, quando fiz a minha jogada, havia dois casinos que ofereciam acção de poker quase todos os dias da semana. Estes torneios normalmente atraiam entre 20 e 60 pessoas.

Pode parecer que não valia a pena, mas o rake era relativamente baixo e os jogadores ao vivo no casino eram, em sua maior parte, jogadores ruins. Os torneios tiveram grande retorno de investimento e por isto decidi dar uma chance ao jogo ao vivo.

Meu raciocínio era que iria conviver com pessoas enquanto estaria a fazer o que eu adorava e também poderia manter uma renda saudável. Isto certamente parecia melhor do que ficar todos os dias no meu quarto, longe de tudo e de todos. Entre a maioria dos planos, este parecia melhor no papel.

 

As desvantagens do jogo ao vivo

O que não considerei desde o início foi o facto de que eu era, por natureza, introvertido. Eu particularmente nunca quis estar cercado por pessoas ou barulho; era mais um caso de não saber realmente o que eu queria.

No lado financeiro, tudo foi muito bem como eu esperava. Na verdade, desde o início consegui ganhos em alguns torneios, o que garantiu, basicamente, que teria dinheiro suficiente para cobrir eventuais perdas.

O aspecto social do jogo não correu tão bem. Primeiro de tudo, a maioria das pessoas eram pobres perdedoras. Não é muito diferente online, mas online você não precisa lidar com as explosões de raiva. O jogo ao vivo é uma história completamente diferente.

O que percebi depois de um tempo foi que em quase toda mesa final eu estava cercado pelas mesmas pessoas e a maioria delas não queria que eu estivesse lá. Você poderia dizer que eu não deveria me importar com isto, afinal de contas eu era, por todas as definições, um profissional. Mas isto me incomodou, especialmente pelo facto que a transição para o jogo ao vivo era importante para tentar sentir-me melhor.

Além disto também fiquei irritado com todos os personagens agressivos. Considerando que o buy-in para estes torneios era muito baixo e que todos nós basicamente conhecíamos um ao outro, a quantidade de conversa fiada e ameaças de alguns desses jogadores era inacreditável.

 

A realidade

Provavelmente você não terá que lidar com a maior parte disto em grandes casinos em todo o mundo. Mas eu estava onde estava e queria dar uma chance. Após cerca de seis meses, eu tinha muito dinheiro (para meus padrões, pelo menos), porém me senti mais miserável do que nunca.

Joguei um pouco mais, mas não valeu muito a pena. Encontrei com pessoas fantásticas, a maioria das quais eu ainda mantenho contacto e vejo em eventos ao vivo.

O objectivo de toda esta história não é desencorajar ninguém de tentar o jogo ao vivo. Cada um vai ter uma experiência diferente dependendo de muitos factores. Mas não se engane pela grandeza do jogo mostrado pela televisão ou registado na mídia social.

 

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Ivan Potocki é um jogador veterano no Titan Poker que nasceu em Sarajevo, Bósnia e Herzegovina, e passou parte de sua infância em condições de guerra. Ele estudou Inglês e literatura e descobriu Texas Hold’em na faculdade. Depois de trabalhar em diferentes trabalhos ele se dedicou ao poker e isso tornou-se sua principal fonte de renda. Você pode acompanhá-lo no Twitter: @ivanpotocki

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